Congresso do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil : solidariedade entre diferentes realidades sociais e culturais potencializa crescimento de regiões

Congresso do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil

Congresso do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil : solidariedade entre diferentes realidades sociais e culturais potencializa crescimento de regiões

.| Programação Digital |. Congresso do Bicentenário da Imigração Alemã no Brasil – ‘onde o passado, presente e o futuro se encontram’ reúne pesquisadores de referência em história, cultura e desenvolvimento socioeconômico entre os dias 25 e 27 de março de 2024, em São Leopoldo / RS.

Pesquisadores apresentaram realidades das regiões dos vales do Sinos e Caí, além de experiências que transcendem fronteiras geográficas


Realidades sociais e culturais nos Vales do Sinos e Caí

Há mais de cem anos já eram formalizadas parcerias que conectavam diferentes realidades sociais e culturais nos Vales do Sinos e Caí. É o que afirmam pesquisadores referência em história, cultura e desenvolvimento socioeconômico no Congresso do Bicentenário de São Leopoldo: Onde o Passado, Presente e o Futuro se Encontram, que veem na comemoração da imigração alemã “a oportunidade de reparar as narrativas sobre migrações que envolvem a região”, segundo Prof. Dr. Valério Schaper, diretor-geral da Faculdades EST.

Um dos destaques do segundo dia de programação, na terça-feira, dia 26 de março de 2024, foi a palestra intitulada “O que nos conecta em ambos os lados do oceano”, do sociólogo Klaus Lauck, que deu destaque às conexões culturais e sociais que transcendem fronteiras geográficas. Depois de visitar o sul do Brasil a convite de um amigo, em 1990, para buscar pessoas com sobrenome igual ao seu, veio a ideia das ações de cooperação com a Alemanha. Lauck tem contribuído desde 2003 para parcerias entre cidades brasileiras e alemãs como São Vendelino e Sankt Wendel, Feliz e Nohfelden, e Alto Feliz e Tholey.

“Senti que eu poderia fazer mais do que apenas procurar pelo meu sobrenome. Então agora já são 21 anos de muitos projetos desde então: houve intercâmbio de jovens que foram para a Alemanha por um ano, e em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, nós tivemos um projeto por dez anos, onde nós ajudamos meninas em situação de rua”, explica o pesquisador, que em 2008 foi citado como cidadão emérito de São Vendelino, no Vale do Caí. “O fundamento de tudo é a genealogia. O que nos conecta em primeiro lugar? E como isso pode continuar? E essa é a cultura, essa é a língua, e esse é o interesse de continuar se desenvolvendo”, finaliza.

Na terça-feira, também realizaram palestras no evento outros dois doutores alemães, Stephan Treuke e Uta Karrer. O evento terá seu último dia de programação nesta quarta-feira, 27 de março.

O Congresso com inscrições gratuitas é promovido pela Prefeitura de São Leopoldo, por intermédio da Secretaria de Cultura e Relações Internacionais (Secult), e da Faculdades EST.

A proposta interétnica e interconfessional que resolveu problemas usando a solidariedade

Outro destaque relevante da programação foi a presença do pós-doutor em antropologia rural, pela Université Paris-Descartes, Arthur Blasio Rambo, que dividiu com a plateia 20 minutos de sua experiencia de mais 70 anos de estudos sobre história, filosofia, antropologia, teologia. Intitulada “Associação Riograndense de Agricultores”, ele apresentou a história da criação de uma proposta interétnica e interconfessional, que há mais de cem anos uniu católicos, protestantes, imigrantes alemães, italianos e poloneses, além de brasileiros.

“Foi um meio para enfrentar solidariamente os desafios que estavam se apresentando diante deles. Assim surgiu este movimento solidário – tinha objetivo de socializar a mente dos proprietários e não a propriedade. Sobre essa base foi criada a Associação Riograndense de Agricultura, que serviu entre 1900 até 1909, esse foi o período áureo da Associação Riograndense de Agricultura”, explicou.

Segundo ele, “neste grande contexto, a serviço de um grande projeto de desenvolvimento”, foram desencadeadas diversas iniciativas, como o desenvolvimento de escolas comunitárias de educação básica, ocupação de novas fronteiras de colonização e o financiamento para bancar a diversificação da agricultura – o que deu origem, logo depois, às cooperativas de crédito.

“Era independente de governo, era autoadministrada. Havia uma convivência muito pacífica entre governo e associação. Quando em 1909 a associação foi transformada em sindicato, a partir do envolvimento de associados mais urbana do que agrícola, as etnias e as crenças, que até então estavam juntas, acabaram abrindo mão da organização, pois não fazia sentido para eles”, resume.

O pesquisador, nascido em Montenegro, tem 7 obras de autoria exclusiva publicadas, além de assinar dezenas de traduções e organizações de livros, e centenas de artigos, capítulos, prefácios e reflexões sobre o tema.

O congresso multidisciplinar tem abordado diferentes temas relacionados à história, cultura, desenvolvimento socioeconômico e perspectivas futuras de São Leopoldo. Com palestras, mesas redondas, apresentações de pesquisa e eventos culturais, os participantes debatem as origens da cidade, refletir sobre seu presente e imaginar seu futuro.

Fonte : Marta Araujo Conteúdos Jornalísticos